quinta-feira, 9 de julho de 2009

Memorial da Cursista Conceição Lima

Professora Cursista Conceição Lima
No decurso de minha vida escolar, muitas lembranças permeiam a minha mente, desde as boas recordações até os momentos mais difíceis. No entanto, ir à escola sempre foi algo atraente, divertido... o contato com os amigos, os professores, os livros (ainda que raros).

Inicialmente, ao cursar a Alfabetização, recordo-me que estudava em escolas improvisadas pela prefeitura com a finalidade de atender as necessidades de alguns estudantes. Nessas escolas (casas alugadas) a situação não era das melhores, mas o desejo de aprender compensava os desafios encontrados.

Estudar para mim sempre foi uma atividade gratificante e mais gratificante ainda era para meus pais quando diziam que nos dariam aquilo que eles não tiveram a oportunidade de ter: o estudo.

A lição de vida e os esforços por eles dispensados para esse fim fizeram com que o comprometimento da nossa parte fosse bem maior, pois o desejo de compensá-los também nos alegrava.

Mesmo com o pouco conhecimento que tinha costumo afirmar que minha mãe foi a minha primeira professora e o meu primeiro livro, como o de muitos, foi uma cartilha por onde aprendi a ler e escrever. Nesse material, o que despertava a minha atenção eram as ilustrações que vinham relacionadas àquela letra que se estava estudando com a finalidade de assimilar melhor as informações.

Durante o Ensino Fundamental, tive muitos professores esforçados, entretanto os recursos de que dispunham para nos ofertar eram precários, até mesmo a questão dos livros didáticos que muitas vezes tínhamos que dividir com um colega. Livros paradidáticos não faziam parte da minha realidade na escola tampouco em casa, pois as condições eram insuficientes. Nas aulas desse período gostava muito dos aspectos relativos à saúde, à alimentação, ao corpo humano (Ciências). Todavia o meu encanto estava na leitura dos textos encontrados naqueles livros: poesias, fábulas, lendas, etc.

O período em que cursei o Ensino Médio (Pedagógico) foi muito bom, repleto de experiências significantes e importantíssimas para minha vida profissional atual. Porém o curso era muito limitado, então eu sentia falta de algo mais completo que contribuísse para meu desenvolvimento para outras áreas. Quanto aos professores que tive naquela época, sempre nutri afeição por todos, digo pelo menos a maioria deles, mas meu carinho especial sempre foi por minhas professoras de Português entre elas dona Socorro Moreira, dona Carmem e Giseuma Moura.

Em relação às aulas ou conteúdos estudados, não tenho uma recordação específica, contudo algumas produções textos eram diferentes e despertavam o interesse do aluno como a escrita automática, histórias em quadrinhos, etc. Os seminários de Literatura também foram marcantes dentre outras realizações.

As leituras realizadas no Ensino Médio foram em número um tanto limitado, sendo ampliadas no período de estudos e preparação para o vestibular. Dos livros lidos naquele período, houve um que me chamou muito a atenção “A moreninha” de Joaquim Manuel de Macedo, pois a partir da leitura do mesmo tivemos que apresentá-lo para a turma uma em forma de dramatização, sem contar que o enredo era muito atrativo para o público adolescente e juvenil por se tratar de uma jura de amor feita na infância entre Carolina e Augusto que se reencontram após vários anos. Este por ser inconstante no amor dizia que não conseguia amar uma mulher por muitos dias e faz uma aposta com os amigos que resulta na escrita dessa bela história de amor.

Sei que a função da universidade é incutir no aluno novos conhecimentos e também trabalhar os conhecimentos que este já possui, possibilitando assim a ampliação de horizontes e a formação de profissionais atuantes, críticos e capazes de operar mudanças sociais. No entanto, a realidade que presenciei no Ensino Superior não foi bem essa, uma vez que estava longe de atender as necessidades básicas por se tratar de um sistema recém-implantado e como tal com falhas compreensíveis a começar pela formação dos profissionais.

No tocante aos professores, quando esperávamos debater, discutir ou construir conhecimentos juntos, o que ocorria na maioria das vezes era solicitação de seminários onde o conteúdo era “trabalhado” sem maiores esclarecimentos quando não havia um domínio da disciplina e do conteúdo em questão, deixando assim muito a desejar, porque poderíamos ter aprendido mais.

Apesar das faltas mencionadas, no que diz respeito às leituras, pudemos exercitá-la com mais eficácia. As obras que despertaram meu interesse no Ensino Superior foram “Vidas secas” de Graciliano Ramos e “O Quinze” de Rachel de Queiroz por serem produções modernistas que, sobretudo enfatizam a problemática da seca, uma realidade conhecida por nós e que afeta a população ao longo de vários anos. Outro livro muito distinto desse período foi “A hora da estrela” de Clarice Lispector que procura analisar psicologicamente uma personagem nordestina, Macabéa, marginalizada socialmente e sem maiores perspectivas de vida.

Atualmente, confesso que minhas práticas de leitura estão deixando a desejar, talvez pelas eventualidades da vida. Mas considerando o lado pessoal e profissional, sei que não posso abdicar desse ato que nos proporciona aquisição de conhecimentos, viagens pelos lugares mais distantes ou desconhecidos, além do desenvolvimento do raciocínio, por isso estou procurando ler sobre fatos que despertam meu interesse no momento, ou seja, tenho feito leituras de cunho religioso e reflexivo a fim de compreender certos acontecimentos.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto da professora Conceição! Que história bacana.
    Parabéns!

    Beijo

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